RESENHA: OS IRMÃOS SISTER - PATRICK DEWITT

OS IRMÃOS SISTER

Em Os irmãos Sister, Patrick deWitt faz uma homenagem ao universo clássico do Velho Oeste, transformando o cenário comum em uma inesquecível viagem cômica com personagens marcantes - perdedores, trapaceiros, românticos, confusos - e uma narrativa empolgante. Uma ficção histórica sobre os anos 1850 que mostra dois irmãos unidos pelo sangue, a violência e o amor.

O Velho Oeste não foi mais o mesmo depois que eles chegaram. Será que você conseguirá acompanhar o gatilho desses dois irmãos?

Cuidado! Você está na mira deles!

Recentemente eu li o livro Os Irmãos Sister, finalista do Booker Prize e escrito pelo canadense Patrick deWitt. Aqui está o a forma mais simples que pude encontrar para descrever a história: uma mistura dos filmes E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? Com Onde os Fracos Não Têm Vez, ambos dirigidos pelos Irmãos Cohen.

Se isso soa intrigante para você, já deixo a indicação de um excelente livro. Por outro lado, se você não é fã do senso de humor dos Irmãos Cohen, este não é o livro para você. Este é um livro nefasto, mas humorístico; mortal, mas brincalhão.

Os Irmãos Sister são uma dupla de assassinos de aluguel no Oregon, em 1851. O narrador é Eli Sister, um homem que, inicialmente, parece simples, mas vai gradualmente se revelando enquanto a história progride (para nós, embora não necessariamente para si mesmo) como uma persona cada vez mais complexa. Seu irmão Charlie, por outro lado, é mostrado como um bandido por natureza, facilmente o mais violento e menos moral da dupla e, até o desenlace, é assim que ele permanece. Se os westerns  são tradicionalmente histórias de viagens e movimento (geralmente para o oeste), então Os Irmãos Sister certamente cumpre esse critério, mas a caminhada aqui é mais psicológica do que física.

“A maioria das pessoas vai continuar insatisfeita, sem nunca tentar entender por que ou como elas poderiam mudar as coisas para melhor, elas morrem sem nada no coração a não ser sangue sujo”.

Como assassinos de aluguel, eles são fieis a um homem conhecido como Comodoro, o dono de quase tudo no meio oeste, estritamente perigoso e temido por muitos. O próximo trabalho dos Sister’s é bem simples: ir a São Francisco para matar um homem chamado Herman Kermit Warm. Ao longo do caminho, como é tradicional dos Westerns, eles encontram personagens estranhos, e se veem envoltos em diversas situações-problemas.

Sendo famosos e conhecidos em todo o oeste como perigosos assassinos, Eli está desenvolvendo a ideia de "sair do jogo". Ele é um assassino, mas possui um “bom” coração e está tentando convencer seu irmão de que é hora de viver uma vida legítima.

Mas isso é mesmo possível quando apenas a menção do seu nome faz as pessoas tremerem?

Uma vez que você é um assassino, você sempre permanece um?

Não tenho certeza se o livro responde a essas perguntas, mas ao final dele, você não vê os irmãos atingindo um tipo de redenção aguardada, ou ao menos convencional e o romance vai deixá-lo pensando sobre essas questões por muito tempo depois de você largar o livro.

Os Irmãos Sister tem um ótimo cenário western, mas não no seu estilo tradicional. Adorei as nuances que vão desde a paisagem  aos homens grisalhos que buscavam ouro. Há pedaços inteiros do romance, por exemplo, durante o qual Eli discorre sua relação conflituosa com seu cavalo.

O que seria do mundo, pensei, sem dinheiro pendurado ao redor do nosso pescoço,

 ao redor de nossa própria alma?

Este romance também é extremamente rápido, os capítulos são curtos e a maioria termina com cliffhangers. Possui uma diagramação confortável e a capa, mesmo mantendo a ideia da versão estrangeira, conseguir superar ainda a original. Embora não possa ser descrito como uma ação "sem parar", o fluxo da história está constantemente levando você até a próxima sequência de ação.

Por acidente, acabei descobrindo que esse livro ganhará uma adaptação para o cinema em 2018 e já possui no elenco ninguém menos que Jake Gyllenhaal. Já estou ansioso pela adaptação. Embora seus personagens e situações sejam grotescos, a escrita no todo é excelente, criando um conto moral que sustenta a violência e que faz jus ao gênero.