RESENHA: CRÔNICAS, VOLUME UM - BOB DYLAN


SINOPSE

“Eu tinha vindo de muito longe e começado muito de baixo. Mas agora o destino estava prestes a se manifestar. Senti como se ele estivesse olhando direto para mim e para mais ninguém.”
Nestas notáveis memórias sobre os primeiros anos de sua carreira, Bob Dylan nos guia pela Nova York dos anos 1960, a cidade mágica cheia de possibilidades que encontrou ao buscar o sucesso – festas esfumaçadas atravessando na noite; descobertas literárias; amores passageiros e amizades verdadeiras. Crônicas: Volume 1 é uma coleção íntima e pessoal de lembranças de um tempo extraordinário, de descobertas e resistência.
Lançado originalmente em 2004, foi considerado um dos livros do ano por jornais e revistas como The New York Times, The Washington Post, The Economist, Newsday, People e Guardian – e comparado, por Mikal Gilmore, da Rolling Stone, aos melhores escritos pessoais de Henry Miller. Revelador, poético, apaixonado e bem-humorado, o livro Crônicas: Volume 1 é uma janela fascinante dos pensamentos Bob Dylan, escancarando suas influências. Com seu dom inigualável para contar histórias e a personalidade que são as marcas registradas de suas músicas, Dylan faz desta obra uma reflexão sobre as pessoas e os lugares que ajudaram a moldar sua vida e sua arte.


Não deveria ser uma surpresa para aqueles que já ouviram as músicas de Bob Dylan, ou assistiu alguma de suas entrevistas inusitadas, que não é fácil entendermos quem ele é. No que pretende ser o primeiro volume de sua autobiografia, Dylan consegue facilitar nossa compreensão sobre si mesmo e conta como chegou onde está hoje; mas não espere uma explicação narrativa direta. Assim como em suas canções, ele exige neste maravilhoso livro que você faça a sua parte para entendê-lo, além de ficar marginalmente ciente dos detalhes de sua vida, assim como suas reflexões sobre família, fama e música duma maneira profundamente informativa e satisfatória.

“Quando Cheguei, o inverno estava de matar. O frio era brutal, e cada artéria da cidade estava entupida de neve, mas eu tinha vindo do norte enregelado, um cantinho da terra onde bosques sombrios congelados e estradas glaciais não me chateavam”.

Bob chega a Nova York em um dia frio de inverno, sozinho com apenas sua guitarra como companhia, sem conhecer ninguém, mas curioso e aberto à novas experiências. Ele encontra seu caminho no Greenwich Village do final dos anos cinquenta fazendo uso apenas de suas canções Folk que há pouco haviam se turvado na mudança cultural na América.


Ele começa então a se apresentar em pequenos lugares e “buracos” onde qualquer pessoa podia subir ao palco para cantar, recitar poesias ou encontrar seu próprio meio de expressão. Sempre atento e mantendo os olhos abertos, Dylan logo conhece pessoas que o ajudam em uma parte derrocada de sua carreira, compartilhando sofás ou colchões em seus apartamentos até que conhece, cultivando uma relação em sua própria maneira elusiva, Dave Van Ronk e muitos outros ascendentes do negócio artístico e musical na Village.

Dentre estes esteve Ray Gooch, cujo apartamento estava cheio de livros os quais Bob mergulhou. Em um ritmo intenso, Dylan descreve sobre o que ele leu, viu, estudou, pegou, colocou e voltou a ler, o tempo todo absorvendo um mundo de literatura, história e arte como um aspirador para ideias aparentemente aleatórias, musicais, literárias e artísticas, que ele lenta, mas seguramente, integraria à suas músicas.

Em sua própria maneira discursiva, a história de Dylan emerge e ele escreve sobre como Bobby Zimmerman se tornou Bob Dylan através de uma interessante busca por um nome que reflete a persona a qual ele estava construindo para si mesmo. Ele começa a mudar, também, no seu conceito de si mesmo como um cantor, passando pela música Folk Tradicional para o que ele se refere como canções "Contemporâneas", tendo o cuidado de não se denominar um cantor de "protesto", mas sim um Observador do Cenário Recorrente.

Enquanto a sua fama aumenta, sua resistência a ser transformado em algo que ele acredita realmente não ser cresce também. Ele consistentemente se caracteriza como um cantor popular que escreve suas músicas com base em sua experiência e em seu eu interior. Resiste a tornar-se um fantoche para as fantasias dos outros que procuram transformá-lo em um símbolo.


“Eu podia transcender as limitações. Não estava em busca de dinheiro nem de amor. Tinha um senso de percepção ampliado, estava sempre firme no meu rumo”.

Estou impressionado com a precisão que Dylan se expressa, o que me parece muito real, sobre a forma de viver uma vida familiar comum enquanto todos desejam transformá-lo em algo muito maior. No final, Dylan continua a ser um escritor de canções que contam e cantam histórias de forma incomum com exclusiva graça e leveza.
Dylan era um consumidor voraz do trabalho de outros cantores e compositores. Ao longo do livro, e explora suas bases, tanto musical e literária, que o influenciou; bem como analisa seu próprio processo criativo.

Recentemente o músico e escritor recebeu o Prêmio Nobel de Literatura e em comemoração à isso, a Editora Planeta de Livros lançou uma segunda edição da Obra especial que foi a que eu li com um trabalho muito lindo. Para qualquer pessoa interessada em Bob Dylan, ou em música no geral, Crônicas: Volume Um é uma leitura obrigatória.

13 comentários:

  1. Olá..... segunda resenha sobre um livro do Bob que leio hj... não conheço a história dele, mas amo crônicas e com certeza ele tem muito a nos contar através delas. Já estou ligada que ganhou o Nobel e que a Planeta lançou o livro, que em breve nosso blog vai receber. Já estou ansiosa!

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  2. Tenho muita curiosidade pra conhecer a narrativa do Dylan e confesso que é porque ele ganhou o Nobel. Acho impossível alguém ganhar um premio tao importante e não ser bom, universal, talentoso.
    Esse titulo aqui eu não conhecia, mas fiquei bem interessada.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  3. Já ouvi falar algumas coisas dele, mas ainda nao tinha ouvido falar nada sobre essa obra em especial. Parece ser bem interessante, especialmente para quem é admirador dele e claro, para quem gostaria de conhecer. Sem dúvida, merece atenção especial!
    Beijos, Fer

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  4. Oi!
    Ele tinha uma voz muito bonito. Essa rouquidão com certeza era o que mais chamava atenção.
    Apesar de ouvir falar do artista, nunca me interessei em saber sua história. Esse parece um bom livro para poder conhecê-lo. Pelo que você descreve, ele parecia ser um cara bem simples. Fiquei curiosa para fazer a leitura do livro.
    Obrigada pela dica!
    Beijão!
    http://www.lagarota.com.br/
    http://www.asmeninasqueleemlivros.com/

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  5. Oie! Tudo bem?

    Acredito que já devo ter escutado alguma música dele, mas não sabia que tinha um livro contando sua história! Vou procurar saber mais sobre o livro e quem sabe realizar a leitura, para conhecer um pouco mais do Bob Dylan!

    BJss

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  6. Olá,

    Dylan nunca me chamou a atenção. Ele e Woody Allen são pessoas consagradas em suas áreas, mas simplesmente não consigo simpatizar com eles.
    Imagine quando ele ganhou o Nobel, fui uma das que achou a justificativa um absurdo. O livro parece interessante, mas devido essa minha aversão a ele deixo a dica passar. Sei que posso esta perdendo muito, mas sou bem teimosa que quando não vou com a cara da pessoa é muito difícil mudar isso.

    Bjs,
    Garotas de Papel

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  7. Olá ♥
    Bom eu não conhecia o livro, e o Bob Dylan nunca me chamou atenção mesmo sendo referencia em seu meio artístico. Creio que esse livro é voltado mais para ps fãs e para quem tem curiosidade em conhecer o trabalho dele. Percebi que você gostou muito e se envolveu bastante com a leitura, mas o livro em si não me chamou nem um pouco atenção. Deixo a dica passar! Beijos!

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  8. Oi, tudo bem?
    Não deve ser fácil resenhas autobiografias...
    Eu não conheço o trabalho do Bob Dylan, nunca parei para analisar suas letras, por isso não tenho muito interesse na sua história, além de não me aventurar muito para esse gênero :/


    ourbravenewblog.weebly.com
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  9. Oie!
    Acredita que não conheço muito o trabalho do Bob Dylan?
    Então por isso que não me interessei muito pelo livro. Mas é uma ótima indicação para o fãs. Um livro que vou indicar para todos que conheço.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  10. Com certeza um grande ícone da música, mas mesmo sendo uma amante de documentários eu não gosto muito de autobiografias, mas com certeza deve ser um bom livro!

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  11. Olá!
    Não tem como não dizer que o Dylan é um dos grandes nomes do mundo moderno. Apesar de toda essa importância, acredito que não leria o livro por se tratar de uma biografia, gênero que não curto muito. Mas adorei a maneira como você escreveu e nos mostrou o quanto gostou dessa leitura.
    Beijos.

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  12. Oi!

    Tudo bem? Bob Dylan é maravilhoso e depois de ter ganhado o Nobel de literatura pelo conjunto de sua obra não da para simplesmente não ler o que ele publicou. Eu já escuto as músicas dele desde criança porque meu pai é muito fã e agora realmente quero ler este livro, principalmente por que você falou que podemos saber um pouco mais sobre o que o influenciou ao longo da carreira.

    Beijinhos - Jessie
    www.paraisoliterario.com

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  13. Olá, tudo bom?

    Bob Dylan realmente é incrível, tanto que, como você falou, ele ganhou o Prêmio Nobel da Literatura pela sua trajetória musical. Eu já havia visto esse livro, mas ainda não tive a oportunidade de ler. Depois de ler essa maravilhosa resenha, estou ansiosa pra aproveitar essa leitura e me deliciar com as suas histórias.
    É incrível como ele aprendeu muito sobre a arte e criou a dele. Além disso, é mais incrível ainda como ele não quis se tornar o que os outros queriam e se manteve como desejava desde o início.

    Mas enfim, obrigada pela dica ;)
    Abraços.

    http://instantesmemoraveis.blogspot.com.br/

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