Talvez calcular em números exatos seja quase
impossível, mas com certeza, nós leitores percebemos que a qualidade tem
melhorado muito.
Possivelmente isso seja reflexo do crescimento da,
já tão culpada por muitas coisas, Internet, que facilitou a troca de
informações, conteúdos, ideias e histórias; inspirando essa nova geração de
escritores. O que já foi chamado de rede mundial de computadores deixou de ser
exclusiva a computadores e passou a ser carregada por aí em celulares, tablets
e smartphones. Conhecimento na palma da mão.
Com isso surge um mercado de livros digitais
que abriu a porta e aumentou as chances para os chamados autores “fundo de
gaveta”, que não conseguiam oportunidade em editoras.
Mas o que explica esse aumento na quantidade
de obras que vem ocorrendo nessa última década?
Pensando nisso, fui atrás de velhos e novos
autores parceiros do blog em busca do que os motiva a escrever e o que lhes
serve como fonte de inspiração.
A primeira entrevista que trago a vocês é a
autora do livro Guardião do Medo; Michelle Pereira.
Ela é designer gráfico, e seu livro está sendo lançado pela Editora Garcia. Nova parceira do blog, a autora foi muito simpática conosco e apresentou uma disposição incrível à entrevista. Confira o resultado logo abaixo:
MMB - Qual é a história por trás dos
livros “Guardião do medo”? De onde surgiu a ideia?
MICHELLE PEREIRA - A raiz da história, o núcleo mais escondido e
essencial, é a inerência de bem e mal. Ninguém nasce bom ou mau, é a forma como
somos criados que define quem seremos no futuro. Contudo, isso não é
definitivo. Podemos mudar com tempo, com atitudes, com a sociedade. Guardião do
Medo conta a história de Alexander Magnus, um jovem que, atormentado por seu
passado violento e pelo câncer que consome seu corpo, deseja morrer e acredita
que sua próxima parada seja o inferno. Isso até ele conhecer Raya, sua Guardiã.
Ela lutará com afinco para torná-lo bom. Porém, quando Alexander começa a
acreditar em Raya, ela tenta assassiná-lo. Cruel, não? Em meio a dúvidas,
pesadelos, loucura e morte, Alexander se vê no meio de uma disputa entre os
Guardiões da Criação e as Filhas de Daemon (crias do inferno). Ele é importante
para os dois lados, mas o que ele deveria escolher: a benevolência e os
segredos de Raya ou o poder extasiante de uma Filha de Daemon?
A ideia de escrever Guardião do Medo
surgiu de vários lugares e com várias referências. Guardião nasceu com a
referência de dois discos que amo, Three Cheers for Sweet Revenge e The Black
Parade, ambos da extinta banda My Chemical Romance. The Black Parade é a referência
principal. Esse disco conceitual conta a história do Paciente, um homem que
está morrendo por conta do câncer em um hospital e que, em seu leito de morte,
relembra toda sua vida. Claro que as “coincidências” entre Alexander e o
Paciente param por aí: o que me inspirou foi a doença e o leito de morte.
Entre 2012/2013, duas coisas fizeram a
história tomar forma de verdade: primeiro, meu avó estava lutando contra
câncer; segundo, eu queria criar o projeto gráfico de um livro para meu TCC do
curso técnico de Design Gráfico. Foi aí que comecei a escrever com mais
“técnica”, usando muitas referências, lendo muito, buscando inspirações. Assim
surgiu Guardião do Medo.
Outras obras me influenciaram nesse
percurso como o filme Kill Bill, de Quentin Tarantino; a série de livros
Fallen, de Lauren Kate; músicas isoladas das bandas Ramones, Audioslave e
Paramore.
MMB - É comum
autores criarem alter egos em um de seus personagens, ou ao menos doar-lhes
algumas características. Qual personagem você acha que espelha mais sua
personalidade?
MICHELLE PEREIRA - Alexander, com certeza. Uma parte dele sou
eu, e quem me conhece bem consegue cruzar as duas “pessoas”. Dei a ele algumas
de minhas crenças, uma experiência ruim e o dom de desenhar – claro que não
desenho tão bem quanto ele, mas fazer o quê? Ele teve mais tempo para treinar,
hahaha!
MMB - Você sempre
foi escritora? Como surgiu a vontade de escrever profissionalmente?
MICHELLE PEREIRA - Eu escrevia algumas coisas desde os meus 14
anos, mas tudo foi se perdendo com os anos. Era uma coisa que eu fazia só para
passar o tempo. Quando eu moldei Guardião do Medo de verdade (eu tinha um
rascunho velho, de 25 páginas, bem antigo e ruim), entre 2012 e 2013, surgiu o
gosto por escrever. Essa possibilidade de dar vida a outras pessoas tão reais
quanto eu, porém imaginárias, é incrível. Gosto de escrever porque assim posso
fugir da minha realidade e mergulhar em mundos e histórias que eu queria viver.
E agora, ninguém me segura mais. A publicação de Guardião do Medo é só o
começo.
MMB - Como é sua
rotina para escrever? Você tem alguma rotina para escrever, alguma disciplina,
um horário determinado ou escreve quando surge oportunidade?
MICHELLE PEREIRA - Eu gosto de escrever a noite, quando a casa
está em silêncio e não há nenhuma distração, mas qualquer hora é hora, se bater
inspiração. Adoro escrever enquanto trabalho, gosto tirar dois ou três minutos
e escrever algumas linhas em papéis usados para rascunho (assim não me preocupo
de estar “sujando” uma folha que poderia ser usada para algo melhor, hahaha).
Acho que o mais importante nisso é a liberdade que a lapiseira me dá. No papel,
eu escrevo o que quero, rabisco, puxo uma linha na lateral da folha, coloco
comentários, faço um desenho. Neil Gaiman faz isso, e eu concordo com ele,
papel é melhor. Porém, é bem complicado ter de passar tudo para o Word depois,
então tenho evitado. Hoje, tenho muito pouco tempo para escrever, mas espero
conseguir me organizar e trabalhar mais nos meus textos.
MMB - As histórias
“se escrevem” sozinhas ou o você pensa na trama inteira, seguindo depois um
esquema previamente traçado?
MICHELLE PEREIRA - No meu caso, a história flui sozinha. Eu
tenho em mente alguns pontos-chave que precisam estar ali para que tudo faça
sentido, mas o resto é o “personagem” que escreve. Alexander escreveu sua
própria história em Guardião do Medo, e escreveu seu futuro também. O final
dele foi consequência de todas as escolhas que ele fez.
MMB - Inspiração.
Pode ser um autor, uma pessoa importante, um sentimento... O que te inspira a
escrever?
MICHELLE PEREIRA - A vontade de viver histórias que não sejam a
minha. Eu não quero ser a Michelle. Eu quero ser o Alexander, eu quero ser a
Raya, eu quero ser a Evangeline (ela é personagem de outra história que
escrevi). Eu gosto de sentir que estou criando um mundo em que eu queria ser a
protagonista (e quem sabe, outras pessoas também não queriam viver nesse
mundo?). Mas se for pra falar de uma figura que me inspira, ela é Neil Gaiman,
meu autor favorito.
MMB - Como
conciliar a carreira de designer e escritora? Você chegou a interferir de
alguma forma na editoração de seu livro?
MICHELLE PEREIRA - É bem complicado conciliar as duas carreiras.
Trabalhar em uma empresa consome a maior parte do meu tempo, assim como de todo
mundo. Já tem algum tempo que não crio uma história nova. Mas, preciso me
organizar e voltar aos meus escritos. Eles me fazem bem.
Bom, como uma designer extremamente
detalhista e perfeccionista, estou interferindo bastante na diagramação do
livro. A alteração da arte será entregue logo, antes da impressão final, e
então saberei se algumas coisas que pedi foram aceitas pela editora. Espero que
sim.
MMB - Por que ler
seu livro? Por que se apaixonar pela história?
MICHELLE PEREIRA - Porque Alexander é um cara real. Porque cada
página do Guardião do Medo é real. Os sentimentos, os questionamentos sobre a
vida que Alexander faz são poéticos e verdadeiros. Não escrevo a história de um
príncipe encantado bonzinho que só pode existir em nossa imaginação. Não. Eu
escrevo a história de um cara sarcástico, fiel às suas ideias, que apanhou da
vida e que não está nem aí para mais nada, que está fechado para mudanças e
que, contudo, pode se dispor a mudar se alguém lhe mostrar uma saída. Ou não,
hahaha.
MMB - Por fim, em
que você acha que a leitura/escrita mudou em sua vida? E em que ela pode mudar
na vida das pessoas que estão lendo isso agora?
MICHELLE PEREIRA - Ler me fez uma pessoa melhor. Escrever me fez
uma pessoa mais feliz. O mundo literário, esteja você de qualquer um dos lados,
leitor ou escritor, é mágico. Quando você lê, sua consciência está em outro
mundo, viajando ali naquelas páginas, naquelas histórias. Ler é viver outras
vidas, é se aventurar em outras aventuras, é sonhar outros sonhos.
Acredito que ler muda a perspectiva de
vida de uma pessoa, se ela estiver aberta às lições que cada livro traz
consigo.
O livro "Guardião do Medo" está à venda na loja virtual da Editora Garcia. Conheça um pouco da história:
Querem conhecer um pouco mais sobre o livro Guardião do Medo e ainda concorrer a um exemplar autografado do livro?
É simples, entre em contato através do e-mail da autora Michelle Pereira:
Com o assunto “Projeto Primeiras Impressões”, e solicite sua participação. Serão enviados o prólogo e o primeiro capítulo do livro (26 páginas).
Para validar a participação no projeto, todos precisam responder no mesmo e-mail sua primeira impressão sobre o livro e postar no Facebook ou outras redes sociais, marcando a fan page Guardião do Medo, até dia 30 de janeiro.
Para mais informações sobre o livro:
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